Confessadamente, nunca fomos adeptos ao carlismo.
Também, nunca nos deixamos cegar pela paixão, a ponto de obscurecer as suas conquistas em favor da Bahia. E não foram poucas, embora a nossa Ilhéus não tenha sido tão contemplada.
Quando o PT nos convocou para votarmos no governador Jaques Wagner, lá fomos nós, eleitores, obedientes e esperançosos e o grito incontido da vitória libertou-se do nosso interior e ecoou pelos quatros cantos da Bahia, transpôs as barreiras interestaduais e a Nação Brasileira testemunhou a queda de uma fortaleza política que parecia indestrutível.
Queda? Será?
E veio a reeleição. O governador Jaques Wagner depois de tantos desencontros e indecisões, com o seu grupo da bandeira vermelha decidiu o nome do seu candidato a vice: Um carlista de berço, de criação e devoção. Nada contra. Isso faz parte da democracia.
Sim. Enganar faz parte da democracia. Essa é a realidade política prevalente, nessa Terra mãe gentil.
Compreendemos naquele instante que o governador Jaques Wagner com a sua estrela branca, nadando na vermelhidão de um oceano bravio, já não tão político-ideológico, na verdade não pretendia combater as práticas funestas do carlismo, como assim dizia e enfeitava os seus discursos inflamados, pois, o seu objetivo era apenas: O PODER.
Vimos, ali, na sua reeleição, uma tentativa bem sucedida de subestimar a capacidade do eleitor baiano.
Talvez o governador tenha tentado se espelhar infrutiferamente no amigo LULA.
Só que LULA é líder. Ele negocia de maneira satisfatória contentando as partes e continua mandando. Com o governador é bem diferente. Errou na dose, perdeu o pulo, travou o orgasmo.
Não é preciso pontuar situações identificadoras do insucesso do governo estadual, nem fazermos uma pesquisa nesse sentido. Basta observarmos o termômetro da estrela branca, para nos certificarmos que a temperatura interna do PT está oscilante, ora chove, ora faz sol. Ora o calor se junta ao frio e o clima fica tenso e intensamente insuportável. Nunca mais se viu no PT a tranqüilidade de uma primavera, nem a esperança na caída das folhas de um outono. O clima esta “nitroglicerinado”. A cada hora um escândalo, uma implosão, um fogo amigo.
O que se tem de novo são os velhos discursos inadaptáveis às novas e atuais realidades de uma Bahia que precisa e exige crescimento e desenvolvimento, mas, que enfraquecida estratégica e politicamente, não consegue andar, enquanto o Estado Pernambucano avança para o progresso e ao olhar a nossa Bahia pelo retrovisor, a vê cada vez mais distante e diminuída.
É cabido invocar o nosso poeta Caetano: “ Triste Bahia, ou coisa semelhante...”
Também, não podemos fugir das indagações comparativas: Carlismo ou Wagnelismo? Qual dos dois sistemas até aqui mais contribuiu positivamente para a Bahia, em se tratando de trabalho, de construção?
Não valem os discursos inflamados. Longe as falsas ideologias, que só vigoram enquanto os interesses divergem. Não adianta falar de esquerda, nem de direita, mesmo porque, o próprio governo do Estado é, inusitadamente, a mistura dos dois extremos.
Se ACM governava com o chicote nas mãos e não hesitava em atingir os seus adversários, no entanto, defendia os amigos com todo vigor, quando, o Wagnelismo, usando de outros métodos, mas com o mesmo objetivo, adota a prática do terrorismo psicológico, do goela abaixo, inclusive contra aliados. Ou, não é?
Enquanto a ex-Secretaria Chefe da Casa Civil Eva Chiavon liderou a equipe técnica que trata especificamente do Porto Sul, mesmo nos momentos das mais intensas reações adversas ao projeto, os estudos técnicos, as interações, as discussões com todos os segmentos sociais, enfim as ações desenvolvidas nesse sentido foram produtivas, inclusive, foi celebrado entre o DERBA e a BAMIN o contrato de concessão da área de 4.978.731 m2, na Tulha, onde seria implantada a retro-área da mineradora concessionária.
O IBAMA não concedeu a licença naquela localidade e os estudos se voltaram para Aritaguá.
A nosso ver foi um crasso erro a vaga da Dra. Eva Chiavon ser preenchida por um político, quando o momento exigia a continuidade de um técnico despido de qualquer interesse de eleição, nem de reeleição, nem de sucessão. O porto sul necessita de celeridade, eficiência e eficácia nas suas ações. Não cabem discursos. Deixemos os discursos para a inauguração do empreendimento. Estaremos lá para aplaudi-los e selecionar o mais eloqüente. Os obstáculos se renovam e se robustecem a cada omissão do Estado. O tempo passa nada acontece e os empreendedores se desestimulam. Até quando?
Além da Licença Prévia do porto sul está sendo questionada pelo Ministério Público Federal junto à Justiça Federal, o governo do Estado ainda não adotou os procedimentos de lei, para celebração do contrato de cessão de uso da área em Aritaguá, onde será implantada a retro-área da BAMIN.
É bem mais fácil se lutar contra os adversários do que acreditar em aliados omissos. Porque os primeiros partem para o ataque e a gente reage preparadamente. Mas, os segundos nos faz contar com a sorte, nunca se sabe e a qualquer momento podemos nos surpreender.
Uma coisa tem nos matutado, nos cutucado, nos intrigado. São os comentários que surgem cada vez mais constantes e intensamente, afirmando que se ACM fosse vivo, o porto sul estaria construído. Nas justificativas, os defensores desse pensamento, apenas fazem comparações entre as ações carlistas e as Wagnelistas em favor da Bahia. Não se reportam nem ao chicote, nem a omissão. Nem aos discursos, nem as ideologias. Nem à direita, nem à esquerda. Falam de trabalho e de resultados, como se o resto fossem apenas retóricas, não cabíveis na Bahia atual, que requer projetos e realizações.
Técnicos ocupando cargos técnicos e políticos, cargos políticos. Foram assim os governos de ACM, já que estamos tratando de comparações entre os dois sistemas.
Será que se ACM fosse vivo o porto sul estaria construído, ou isso não passa de um argumento, em razão da ausência de presença do governo Wagnelista na liderança de tão importante empreendimento para a região, para o Estado e para o país?
A conclusão que se pode extrair desse raciocínio, resume-se no fato de que ACM não está vivo para termos a certeza dessa afirmação. Porém, induvidosamente, o carlismo tem sido uma referência, uma marca que vem ocupando grandes espaços onde se situam as fraquezas do governo Wagner. A eleição de ACM Neto prefeito de Salvador é um pequeno aviso. A sucessão estadual que dantes parecia antecipadamente vitoriosa para a situação, atualmente é uma incógnita.
São sinais que os tempos mudaram e os discursos retrógrados fazem parte de um passado. Na Era da informação as estantes que enfeitavam as salas dos mais apossados, já não significam mais poderio, nem privilégio de acesso a conhecimentos, porque, nos dias de hoje, apenas um “clik” e o professor Google num piscar de olhos, gratuitamente, a qualquer hora do dia ou da noite, disponibilizará tantos quantos sejam os assuntos do interesse do pesquisador. Por isso, as teses que sustentavam as faces e facetas político-ideológicas estão esvaindo-se.
A população começa a bem se informar e nesse contexto, outra conclusão: o carlismo não morreu, apenas hibernou e agora está se revigorando alimentado pelas sucessivas falhas, omissões e desencontros do Wagnelismo.
Mas, como as ideologias oponentes se afinam quando os interesses se comungam, e todos os jogos são válidos, na política nada mais nos surpreende. Não nos causará estranheza se de repente, o PT se fundir ao DEM, surgindo uma nova sigla PTDEM, ou seja, Partido dos Trabalhadores Democráticos.
A sociedade conjugal de fato, quanto às origens, já é uma realidade na Bahia.
Para se manter no Poder, na política, até o impossível pode acontecer.
Essa é a nossa opinião.
MIRINHO
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