Independência e Verdade

Motoristas usam Metadoxil para enganar o bafômetro


Para escapar da lei seca vale de tudo, inclusive tomar medicação sem prescrição médica. Após o insucesso nas redes sociais de jovens que divulgavam pontos de blitz na cidade, para assim fugirem às abordagens policiais, dessa vez a estratégia é suicida. Muitos agora aderiram ao remédio Metadoxil, que segundo o Ministério da Saúde é indicado para o tratamento de alterações hepáticas provocadas pela intoxicação alcoólica crônica, como fígado gorduroso e hepatite alcoólica. O remédio de tarja vermelha, vendido apenas com receita médica, tem como função principal restaurar o fígado debilitado pelo excesso de bebida e serve também como manobra ilegal para evitar o teste do bafômetro nas blitze. Caso o motorista seja flagrado dirigindo embriagado, é imediatamente preso, tendo seu veículo recolhido, habilitação suspensa (até dois anos), além de pagar multa e fiança determinadas pela legislação de trânsito. Para evitar esse tipo de “ressaca”, o consumo do medicamento antes e depois da bebedeira está sendo utilizado e indicado entre motoristas. Mesmo sem propriedades científicas que comprovem o efeito do medicamento no momento do teste do bafômetro, muitos motoristas estão adquirindo e consumindo o Metadoxil durante as bebedeiras, contrariando as recomendações médicas, infringindo as normas de trânsito e colocando em risco a própria saúde.

Na internet, vídeos e depoimentos espalham-se cada vez mais sobre o uso constante do Metadoxil. “Vi na internet um pessoal fazendo o teste, entre os três que bebiam apenas o que tomou o medicamento não indicou teor de álcool acima do permitido. Bom, sendo verdade ou não, uma coisa é certa: ele impede que você fique bêbado”, relatou um autônomo de 39 anos que usa a droga depois que ela lhe foi indicada por amigo. Em algumas drogarias da cidade, o remédio pode ser adquirido sem a necessidade da apresentação da prescrição médica, ao preço médio de R$ 43 (Metadoxil – Pidolato de Piridoxina, 500 mg – 30 comprimidos). De cinco estabelecimentos procurados pela reportagem, três não exigiram a documentação, um alegou que não tinha no estoque e outro apontou a necessidade da receita médica. O laboratório que fabrica o Metadoxil informa que o medicamento atua no metabolismo do álcool, acelerando a sua degradação através do aumento da atividade de determinadas enzimas. Assim, acelera a remoção do acetaldeído, que em excesso ocasiona a intoxicação alcoólica e seus sintomas negativos característicos, transformando-o em acetato, que é bem menos tóxico que o álcool, e reduzindo a concentração e o tempo do álcool na corrente sanguínea. No entanto, especialistas alegam que a droga pode causar transtorno gástrico, erupção cutânea e, em caso de superdosagem, até taquipneia (aumento da frequência respiratória) e convulsões.

rbn

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