Independência e Verdade

"A loucura de Eva", música inédita de Raul Seixas, é lançada 36 anos depois


Em 1977, Raul Seixas recebeu no apartamento de Copacabana, no Rio de Janeiro, um fã que, aos poucos, se convertera em amigo. Era Luiz Silveira, então com 17 anos. No violão, o roqueiro mostrou ao rapaz uma composição feita com o parceiro Claudio Roberto, batizada de A loucura de Eva.

Mas, apesar da parceria bem-sucedida com Claudio - a dupla criou clássicos como Maluco beleza eO dia em que a terra parou - Raul preferiu não gravá-la tal qual fora concebida.

Com outra letra e renomeada Por quem os sinos dobram, agora coassinada com o argentino Oscar Rasmussen, Raul registrou a faixa dois anos depois. A primeira versão foi para a gaveta, mas inspirou o mesmo Luiz Silveira a escrever, com autorização do ídolo, adaptação para a canção.
O Correio/Diario teve acesso aos versos de A loucura de Eva. Apesar de menosprezada pelo roqueiro, ela permaneceu intacta na memória de Claudio Roberto e de Tania Menna Barreto, companheira de Raul na segunda metade dos anos 1970. Foi ela quem cantou, ao telefone, a música original. A história da composição inédita havia sido citada no documentário Raul — O início, o fim e o meio (2012), no qual o refrão é entoado por Claudio. É a primeira vez, entretanto, que outros trechos da composição chegam ao grande público.
O carioca Claudio Roberto conheceu Raul quando tinha 11 anos e se tornou compositor por influência dele. Desde 1977, vive retirado em um sítio na zona rural de Miguel Pereira (RJ). Aos 61 anos, disse não saber, e nem se importar, com a razão pela qual A loucura de Eva não ter sido gravada. “Isso, ele levou para o túmulo”.
Tania Menna Barreto aprendeu os versos da canção feita por Raul e Claudio e os guardou com carinho. “Eu canto ela de vez em quando ao violão, inclusive em shows que fiz”. A ex-companheira do artista diz preferir A loucura de Eva à segunda versão, e acredita que a letra de Por quem os sinos dobram traz vários recados de Raul para ela, já que, quando foi recriada, o casal ensaiava uma crise. “É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro”, cantarola, citando um dos versos da parceria com Oscar Rasmussen, morto há dois anos na Argentina, vítima de câncer.
Sylvio Passos, fundador do primeiro fã-clube oficial de Raul, conhece as letras, mas discorda de Tania. “O texto de Por quem os sinos dobram é muito mais impactante e atemporal do que o de A loucura de Eva. Acho que Raul não curtiu muito. É interessante a brincadeira com Darwin, mas penso que optou por uma coisa mais ampla”.

Quando Raul cantou a música para Luiz Silveira, disse a ele que gostava muito do refrão, mas nem tanto do restante da poesia. “E eu, ousadamente, pedi pra tentar mudar”, diz o fã, hoje produtor cultural, aos 53 anos. Raul deixou. O resultado é Em quem Eva mamou?, inspirada na temática original e com refrão semelhante, mas de melodia diferente. A faixa foi colocada no YouTube há semanas, com vocais de André 14 Voltas, e deu início ao resgate da história.

Veja clipe da faixa Em quem Eva mamou?

interiordabahia

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